terça-feira, julho 11, 2006

AMOR, SUBLIME AMOR

Eu te amo, minha querida (o). Te amo loucamente. Você é tudo que busquei em minha vida. Agora que te encontrei, ficaremos juntos para sempre.
Meu amor por você não tem limites. Nem deve ter. Como você sabe, o amor entre um homem e uma mulher, ou até – sejamos tolerantes – entre um homem e outro homem – é o sentimento mais nobre e elevado que existe. O que seria do mundo, sem o casal monogâmico? Essa é a unidade mais importante da sociedade em que vivemos.
O bem-estar do casal passa por cima de tudo, minha querida. Aprenda. Porque, afinal, o amor é o sentimento mais nobre e elevado de todos, e tem precedência em relação a todos os outros afetos. Não é?
Amor aos pais? Aos filhos? Tudo isto é secundário, meu bem. Pra quê você pensa que inventaram asilos e creches?
Amigos? Bem, se tiver um tempinho para dedicar a eles... mas lembre-se, não pode faltar nada para mim.
Somos importantes. Somos centrais. Você já pensou no valor que temos, por exemplo, para a economia do país? Sustentamos fábricas de shampoo, de maquiagem, de roupas, de chocolate, e nem falemos nas floriculturas! Sem nós, do que falariam os compositores, poetas e dramaturgos? Quem compraria os apartamentos quarto-e-sala do setor de construção? Quem iria adquirir os pacotes turísticos para destinos românticos? Veja só, amor, como somos importantes.
Te amo loucamente, e meu amor não tem limites... mas você deve ter alguns.
Por exemplo:
Como te amo muito, gostaria que você dedicasse todos os seus momentos livres a mim.
Que nem desviasse os seus olhos de mim.
Que estivesse sempre disponível.
Que não tivesse outros interesses importantes, além de mim.
Que não crescesse em outras direções.
Que me acolhesse sempre com um sorriso nos lábios.
Que me ligasse várias vezes por dia, para que eu tivesse certeza do teu amor.
Que só tivesse amigos (os) muito feios (as) e, de preferência, desinteressantes.
Que só saísse comigo, e sempre fazendo aqueles programas que eu gosto.
Que não ficasse olhando para outros homens (mulheres) nunca, nem que estivesse apenas apreciando sua beleza.
Que me presenteasse no aniversário, dia dos Namorados, Natal e talvez até Ano Novo, por que não? Lembre-se, precisamos movimentar a economia.
Que adivinhasse exatamente o que estou pensando.
Que me acalmasse quando eu estivesse com medo.
Que nunca me desse um momento de insegurança.

E naturalmente, como você me ama, não vai se importar se eu:
- Ligar várias vezes no celular, só pra saber onde você está;
- Ouvir suas conversas na extensão. Não de propósito, é claro, mas às vezes acidentes acontecem, sabe como é. E a curiosidade é natural no homem (ou na mulher);
- Bisbilhotar nos seus guardados e escritos;
- Achar a senha do seu correio eletrônico e ler os seus e-mails;
- Checar com sua mãe se você foi mesmo visitá-la;
- Proibir que você tire férias sozinha (o). Não que eu desconfie de você, minha (meu) querida (o); mas veja bem, quando se ama, é melhor fugir das tentações...
- Abandonar a amizade com aquela moça (ou rapaz) solteira (a), que francamente, é um tanto liberal demais, nem é boa companhia pra você;
- Visitá-la (o) no seu trabalho de imprevisto, só para surpreendê-la (o). Tenho certeza que você vai ficar contente... e eu, é claro, aproveito para checar se existe algum colega especial no pedaço;
- Dar uma olhadinha, como não quer nada, no bolso do seu casaco...
Tenho certeza que você não vai se importar com nada disso, meu amor. É normal, quando se ama. Amor é isso. Suas (seus) amigas (os) vão até felicitá-la (o), quando você contar essa história. Eles (as) dirão que eu tenho ciúmes. Ciúmes é prova do amor. É porque te amo que te vigio, que te sigo na rua, que olho teus guardados, que escuto tuas conversas. Porque te amo, descobri o método mais perfeito de assegurar o nosso amor: te infernizar em todos os minutos da tua vida. Assim você verá, sem sombra de dúvida, que eu te amo muito.
E se nada disso resolver, bem...
Sabe, tenho muitos métodos de demonstrar meu amor.