sexta-feira, maio 05, 2006

VERDE E AMARELO

Outro dia, conversando com meu amigo Dunga, quando começou a to

Daniel Waismann

Ano de Copa do Mundo é uma desgraça. E olha que estou entre aqueles que gostam sim de futebol – admitir isso anda mais difícil que assumir em certos meios que se é ateu ou que se bate na mãe (não, eu não bato na minha mãe!) – e não estou no grupo dos que esperam essa época apenas para folgar no trabalho em dias de jogos do Brasil. Mas essa profusão de verde e amarelo, bolas de chocolate na Páscoa, cronômetros marcando que faltam não sei quantos dias... Pelos menos os alemães acabaram com aquela breguice de cerimônia de abertura. Para acabar com essa alegria, às vezes dá até vontade de torcer contra. Mas que perca só na final, pois a folga no trabalho é sagrada.

Lembro em 98, quando o Júnior me convidou para assistir a final na casa de sua tia. Aceitei, achando que seria algo bem distante daquele ufanismo. Veríamos um grande jogo comendo bons petiscos e boa cerveja. Nada disso. Logo na porta, um poodle com colete verde e amarelo veio nos receber. Lá dentro, aquela maldita alegria. Gente falando alto, todo mundo uniformizado – apenas eu estava de camiseta laranja e casaco cinza – e um telão gigante para as trinta pessoas que estavam lá. Não dava mais tempo de fugir. Ia começar. Cornetinhas, até línguas de sogra. Zidane faz o primeiro gol. Não foi o bastante. Todo mundo ainda animado, a virada era certa. Segundo gol. Todo mundo xingando, junto com Edmundo, o Rivaldo que jogou a bola pra fora pro francês ser atendido. Deixa morrer! Mesmo antes do terceiro gol, aquelas viseiras terríveis – pior são aquelas com guarda-sol em cima – já estavam no chão. Voltando pela Paulista, e vendo aquela fila de trios elétricos sem função, quietinhos, deu uma alegria que me senti até culpado. Deu até pra ouvir o Serge Gainsbourg entoando seus sussurros do céu, me guiando até em casa.

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