terça-feira, janeiro 24, 2006

EACH, A ESCALA DO HOMEM


Enquanto meu amigo Jean Canesqui não chega, vou contar uma história pra vocês. Mas já vou avisando: se você é uma daquelas pessoas que aprecia a Literatura com "l" maiúsculo, só gosta da Clarice Lispector e acha que mulher tem que escrever coisas profundas e significativas, vindas das entranhas do seu ser - melhor nem ler, porque lá vem besteirol.
Sexta-feira passada fiquei duas horas na sala de espera do consultório do meu médico. E não tinha nada o que fazer naquela bendita sala de espera. Nadinha de nadica. Nem uma Veja do século passado. Nem televisão pra ver o Vídeo Show. Quer dizer, um caso realmente desesperado.
Pra matar o tédio, comecei a pensar no meu assunto favorito: homem. Eu sei que nem pega bem para uma moça confessar uma coisas dessas, mas eu adoro pensar em homem. Ou num homem em particular ou em homem em geral - o que era o caso naquele momento.
Estudo o assunto desde os seis anos e já elaborei várias teorias sobre homem. Todas furadas, aliás. A última surgiu exatamente ali, naquela sala de espera bolorenta. Já que estava num ambiente científico - e como vocês sabem, a Ciência está sempre preocupada em medir e classificar as coisas - criei a EACH, Escala Analítica e Classificatória de Homens. Vou explicar pra vocês como funciona.
Trata-se de uma escala de dez pontos. Cinco é o ponto ótimo. Seis já não é tão bom, quatro, também não. Nove e dois é péssimo, muito ruim mesmo. E o um e o dez são que nem aquelas pontuações da escala Richter que nem existem de verdade, são só referência.
Primeiramente, vamos explicar o que é um cinco. O cinco é, basicamente, um homem que convive bem com sua própria testosterona. O cinco combina maravilhosamente o seu ying e o seu yang, tá ligado? Ele está tranqüilão com a sua identidade masculina. Ele gosta muito de ser homem. Não precisa coçar o saco, cuspir no chão nem bater em ninguém pra provar que é homem. Também não precisa comer um monte de mulher, embora os cinco em geral tenham uma tremenda facilidade em comer qualquer mulher. Mas se comer, é por prazer, não pra provar nada para ninguém.
Não posso garantir, por exemplo, que um homem cinco nunca passe uma cantada em suas amigas. Passa, até porque não é santo. E as cantadas deles são fantásticas! Mas se ouvirem um não, tudo bem; a amizade continua a mesma.
O homem cinco em geral tem muitas amigas, que de vez em quando ficam pensando: "Bem que esse cinco podia me dar uma cantada". Porque o cinco é uma companhia masculina maravilhosa. Uma pessoa relax, de bem com a vida. Se algum brucutu for grosso com você, o cinco te defende com tanta elegância, que a coisa se resolve sem baixaria. O cinco nota quando você faz uma alguma modificação na sua aparência - e sempre elogia, claro. Mas se ficar horas falando da cor nova do seu cabelo, cuidado: de repente ele é gay.
Porque aí está uma coisa interessante: minha escala não reflete orientação sexual. Um homem cinco pode perfeitamente ser homossexual - mas isso as garotas mais espertas percebem logo.
Ou você acha que todo homossexual gosta de plumas e paetês? Olha o estereótipo. Olha o preconceito.
Atenção, minha escala também não reflete juízo de valor - o cinco pode ser um tremendo mau-caráter. Mas elegância e boa convivência com sua testosterona, ele sempre vai ter.
Abaixo dos cinco começam aqueles homens que tem uma parte feminina mais pronunciada - atenção, não estou dizendo que são gays! Também podem ser muito legais, mas não passam toda aquele à-vontade característico dos cinco.
Um quatro, por exemplo. Você pode casar com um quatro achando que finalmente achou um homem meigo e sensível, que não tem medo das suas próprias emoções. Alguns anos mais tarde você descobre que ele na verdade é um tremendo chorão, do tipo que reclama de tudo. Por outro lado, às vezes você quer ficar sozinha, pensando na vida, e o quatro não deixa. Ele quer companhia constante. Se você está de bode, pensando na vida, e quer um pouco de solidão, o quatro é incapaz de te deixar à vontade. Ele sempre vai querer dar um ombro amigo, mesmo quando você não está interessada em ombro nenhum.
Ah, e outra - sua sogra odeia você.
Ou pode casar com um quatro mais desencanado, e ser muito feliz; mas quando encontrar um cinco sempre vai achar que está perdendo alguma coisa...
O três é aquele namorado gracinha que você teve na adolescência, que rompeu o namoro alegando dificuldades emocionais, um troço assim. Ele chorava até em comercial de margarina. Um cansaço. Anos mais tarde, pode resolver que é bissexual.
O dois? Sérias chances que esse cara seja drag queen.
No outro lado da escala:
O seis é aquele cara que, sem ser um machão empedernido, já é um pouco homem demais, dá canseira. Se distrair, coça o saco em público. Esquece o Dia dos Namorados. Quando você explica a última briga que teve com a sua mãe, ele até ouve, mas você nota pelo seu olhar que não está entendendo porra nenhuma. Porque o seis tem uma tremenda dificuldade em entender a cabeça de mulher. Ele até que se esforça, mas é difícil pra ele, coitado.
E outra: nunca repara no seu cabelo.
O seis, quando está numa situação difícil, pode até fungar, suspirar, ficar com o olho vermelho - mas chorar ele não chora. Já se viu homem chorar?
O sete é aquele cara que pode ser amigão, bom caráter, mas é sempre um tanto grosso, sacou? Tem uma alarmante propensão para se meter em briga. Já perdeu um monte de namoradas porque era grosso e insensível. Acha que terapia é coisa de veado. Mas, atenção! não fiquem com peninha do sete. Sempre tem uma garota que adora o cara, acha ele viril, gostoso, um tesão. Homem de verdade, sacou?
O oito é o Arnold Schwarzenegger. E se vocês acharem o nove, cuidado, porque é um serial killer.

Alguns exemplos de classificação pela EACH:
- Tom Cruise: quatro.
- Fábio Assunção: seis.
- Marcelo Antony: definitivamente um cinco.
- Reinaldo Gianechini: não existe, a TV criou especialmente para contracenar com a Marília Gabriela.
- Lula - Sete. E olha lá.
- Brad Pitt - quatro. Aquele beicinho é tão chato...
- George Clooney - O cara mais cinco do planeta.

Fiquei horas no consultório elaborando minha escala EACH e classificando TODOS os homens que conheço. Foi divertidíssimo, nem senti o tempo passar e até me surpreendi quando o médico me chamou (ele é um cinco. Mas tão feinho, coitado...)
Ai vocês vão dizer, que groselha! Dóris, como você consegue pensar tanta besteira? Bom, eu estava sem nada pra fazer, né? E não deve ser tanta besteira assim, porque todas as mulheres às quais expliquei o EACH se entusiasmaram. Estão até agora de olhinho parado classificando maridos, namorados, ex, pais, irmãos e até os filhos.
Com a minha escala, proporcionei às mulheres um indicador seguro e confiável para avaliar os homens. E outra: excelente desculpa pra mandar o cara andar.
- Sinto muito, querido. Gosto muito de você, até te acho bonito. Mas você definitivamente
é um quatro.
- Não! não é possível! Só quatro?
- Quatro e vinte e cinco, vai. No máximo. E por favor, não chora. Detesto ver homem chorando.
Não seria legal?

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