terça-feira, setembro 12, 2006

11 de setembro de 2006

Pois é, gente: chegou o dia fatídico.
Hoje é 11 de setembro de 2006. Há exatamente cinco anos, eu estava em casa, em frente ao meu computador, escrevendo um e-mail pro Daniel, que tinha feito aniversário no dia anterior – aliás, feliz aniversário, Daniel! – quando meu marido ligou: “Liga agora na CNN”.
Liguei a TV e lá estavam as malditas torres em chamas...
Foi um dos piores choques da minha vida. Passei meses paralisada de medo e horror. O único jeito que encontrei de reagir foi escrevendo, escrevendo, escrevendo... E depois disso, é simples: o mundo piorou muito. O mundo realmente piorou.

Bom, cinco anos depois, aqui estamos nós, oito pessoas de várias nacionalidades, trancados uma fazenda ao norte do Estado de Nova York... escrevendo, escrevendo, escrevendo.
É o máximo que podemos fazer.

Onze de setembro, Guerra do Iraque, Bush: aqui em Ledig House, só se fala nesses assuntos obliquamente. Nunca de forma direta.
Mas não faltam papos-cabeça: afinal, o que se pode esperar de um bando de nerds das letras? E eu adoro conversar papo-cabeça sem ter ninguém pra me patrulhar.
Os papos-cabeça podem acontecer em qualquer lugar. Ontem, por exemplo, estávamos indo para Hudson no carro do DW, quando começou uma discussão sobre identidades nacionais. O Mario, um escritor italiano que está aqui, disse:
- Sabe de uma coisa? Estou cansado dessas conversas todas sobre identidade, nacionalidade etc. E das brigas, das guerras por causa disso. É claro que quero saber quem foram meus ancestrais (o Mário é judeu). Mas não quero viver pensando nisso! Veja na Itália: o que ia acontecer se lugares como San Marino ou Andorra declarassem a independência? Claro que eles têm uma identidade própria. Mas pelo amor de Deus, San Marino tem três mil habitantes! Não sobrevive sozinho. Chega um ponto em que fica ridículo. Não existe nenhum país da Europa que não tenha várias identidades nacionais dentro dele. Mas será que a melhor idéia é se separar, arranjar uma moeda própria, um hino, e começar uma guerra com o vizinho do outro lado da rua? Quer saber, eu acho isso ridículo. Se a arte tem alguma função nesse mundo, é de transcender esse tipo de coisa, de achar o universal no homem.
- Também acho a mesma coisa, Mário – digo eu.
Silêncio no carro.
- Bom – diz, com um suspiro, a Draga, uma atriz e autora de peças – não vou nem começar a discutir esse assunto, Mário. Você não entenderia.
A Draga é eslovena. Mas nasceu na Croácia...

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