terça-feira, setembro 19, 2006

15 de setembro de 2006

Escritor brasileiro sofre. Sofre em casa e também quando viaja, conversa com colegas de outros países e vê que a vida deles é cem vezes melhor. Como é duro ser subdesenvolvido!
Só pra começo de conversa. Temos aqui, além de mim, sete escritores, todos publicados, nenhum particularmente rico ou famoso. Mas, desses sete, segundo entendi, pelo menos quatro vivem só de literatura. No Brasil, quem vive de literatura?
Aqui, ninguém precisa correr atrás de editor. O agente faz isso por eles. Não faz isso porque tem bom coração e quer ajudar a Literatura; faz porque ganha uma bela percentagem. Nesses países, a indústria editorial é um grande negócio e movimenta muita grana. Os editores lançam grandes tiragens, com papel mais barato e preços acessíveis. Fazem campanhas de lançamento do livro, mandam o autor pra cá e pra lá... Em outras palavras: fazem livro pra todo mundo, pras pessoas que estão na rua.
Já no Brasil, os grandes editores preferem pensar que as pessoas não lêem porque são burras e ignorantes e ainda não perceberam o valor superior do livro.
Aliás, eles de fato devem achar que o livro tem um valor superior, porque cobram um absurdo por ele.
Aí você vê os escritores aqui da Ledig House falando: “Meu livro novo vai estar em Frankfurt”, “Meu agente me telefonou para contar que minhas peças vão ser publicadas na Holanda”, “Meu último livro entrou na lista de candidatos ao prêmio Tal”, e começa a ficar verde de inveja. Não é uma sensação nada legal.

Hoje caiu a conexão wireless... está todo mundo desesperado, como se estivéssemos isolados do mundo.
Sabe como é, eles têm que ver a capa do seu último livro, conversar com seu tradutor, e mandar textos para um editor que está louco pra publicá-los.
Um cansaço.

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