sexta-feira, outubro 06, 2006

1º de outubro de 2006

Hoje de manhã fui ao Cloisters, um museu maravilhoso que fica na ponta norte da ilha, lá pela rua 190. E por falar em rua 190... o meu grande problema, nessa visita a NY, é a minha maldita falta de senso de orientação.
Não adianta, sou um caso perdido. Se consigo me perder no meu bairro em São Paulo, onde moro há vinte anos, por que não me perderia aqui?
Não consigo ler mapas. Sempre que pego um mapa, me confundo com direita e esquerda. Gasto dez minutos para identificar a estação onde devo descer; mais dez para achar a estação no mapa da cidade; e daí vou e faço tudo errado do mesmo jeito.
Só hoje me dei conta do que significa “downtown” e “uptown”. O conceito de “East” e “West” continua sendo um mistério insondável pra mim.
Uso a entrada errada do metrô, e depois tenho que subir as escadas e procurar a certa.
Passo na frente de uma placa dizendo “Broadway”, com setinha e tudo, e continuo dando voltas, procurando... a maldita Broadway.
As ruas de Manhattan são numeradas em seqüência (47, 48, 49...), assim como suas principais avenidas (Quinta, Sexta, Sétima, Oitava... a única exceção é a Broadway). Só uma idiota conseguiria se perder num lugar assim. Pois bem, essa idiota sou eu.
Nessas horas, fico olhando desesperada os meus mapas no meio da rua. Bons samaritanos me abordam e perguntam, caridosamente, se preciso de informação. Deus os abençoe! Eles me informam, eu entendo tudo, e cinco minutos depois estou perdida de novo.
Talvez eu deva adotar um cão guia, como os cegos.

Tomei dez minutos de chuva porque passei impávida pela entrada do parque onde fica o Cloisters. O museu é num lugar deserto de Manhattan; ou melhor, num lugar que era deserto na época em que a instituição foi fundada, com a grana dos Rockfeller.
Coisa louquíssima: eles construíram uma espécie de castelo medieval moderno, salpicando um pórtico românico aqui, uma capela gótica ali, o túmulo de um nobre mais acolá... todas as coisas que os milionários americanos compraram na Europa, na época em que arte era barata e os europeus, uns tontos que vendiam seus tesouros a preço de banana. Hoje já não é mais assim. Tem processo correndo, tem gente querendo de volta o que foi vendido. É uma longa discussão. Os americanos dizem que essas preciosidades estão melhor guardadas com eles.
Pode até ser. Mas depois do que eles fizeram com o museu de Bagdá, a moral deles ficou um pouco abalada nesse setor... né não?
O Cloisters é muito bonito e tem curiosidades como um jardim com plantas medicinais, ornamentais etc, que eram cultivadas na Idade Média e aparecem nas tapeçarias do acervo. Bem legal.

À tarde fui pra Little Italy - aquele lugar cheio de restaurantes onde os gangsters comiam um espaguete de primeira, e às vezes levavam uns tiros de sobremesa.
Mas hoje, todo esse aspecto típico e pitoresco desapareceu. No lugar dos italianos entrou outro povo típico e pitoresco, que são os chineses, vendendo relógio roupa bolsa comida típica erva medicinal MP3 player perfume aparelho de som... é tanta coisa, dentro e fora das lojas, que você fica tonta. No domingo então, fica lotado de gente e aí é um horror. Encontrão pra cá, bolsada pra lá, pisam no seu pé... Todo mundo nervoso, querendo levar pechincha pra casa de qualquer jeito. Calma gente, tem pra todos!

Nova York é uma esquina do mundo, tipo Paris e Londres. Tem gente de todas as nacionalidades e etnias possíveis, mas a língua mais falada na cidade hoje é o espanhol. Seguido de perto por um tal de inglês, já ouviram falar?

Hoje tinha um rato no metrô. AI QUE NOJO. Irc.
Também, com aquela sujeirada toda...

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