sexta-feira, outubro 06, 2006

30 de novembro de 2006

O DW, que mora em Nova York, me disse que nos últimos anos a cidade mudou muito. A classe média se mudou pros subúrbios, porque Manhattan ficou caríssimo, impossível. Na ilha só ficaram os muito ricos e os muito pobres. Para esses últimos, o governo constrói os “projects”, conjuntos habitacionais que basicamente funcionam como depósitos de pobre. (Lá em Hudson fizeram um desses, e chamaram os pobres de Nova York pra morar. Só esqueceram de um detalhe: não tem emprego na região. Então agora os pobres ficam ganhando “social security” e fazendo porra nenhuma, parados na porta dos projects o dia todo).
Dá pra ver a mudança da população até no metrô. Tem muito mais pobre do que classe média.
O metrô de NY continua eficiente, abrangente, razoavelmente barato... e sujo, feio e fedido. Vim aqui há dez anos e já era assim, uma vergonha. Nem o de Paris é tão xexelento. As estações mais ferradas cheiram xixi que é uma coisa impressionante. Um nojo.
Pra contrabalançar o cenário decadente, tem gente cantando e tocando no metrô que é uma maravilha. Geralmente músicos pretos, ops, desculpa! é pra dizer afro-americanos, né? senão é feio, politicamente incorreto e Papai do Céu castiga.
Hoje estive em Tribeca/ Soho, depois fui pra Quinta Avenida e à noite ao cinema.
Entrei em oitocentas lojas, xeretei durante horas e não comprei quase nada. Só um batom na Body Shop e livros, claro. Ah! E um pirulito com um escorpião de verdade dentro. Verdade. É pro meu sobrinho Pedro. Garanto que ele vai adorar.
É a capital do consumo mesmo, tem de tudo: caro, barato, pra todos os gostos e bolsos. E hoje era sábado, a cidade estava cheia, você tropeçava nas pessoas. Na maior parte, pelo que deu pra ver, novaiorquinos mesmo. Claro que sempre tem turista, mas nessa época é pouco. Baixa estação.
Ah, sim, retiro o que disse sobre os novaiorquinos. Até que eles estão bonzinhos dessa vez. Bem educadinhos e tal. Assim que eu gosto. Só tem uma exceção: as meninas do Au Bom Pain.
O Au Bom Pain é uma rede de lojas tipo fast-food, só que com mais variedade. As meninas que trabalham lá tratam cada cliente, individualmente, como se ele tivesse assassinado a família delas. Impressionante. Não é só que elas te tratem mal, não. Elas te dirigem olhares de ódio real e verdadeiro. Dá até medo. Era sim há dez anos, continua assim até hoje. Vai ver é uma tradição.
Aí vocês perguntam: mas se é tão ruim, por que você continua indo lá? Resposta: é a sopa. Aí vocês perguntam de novo: a sopa é tão boa assim? Não particularmente. É que eu sou viciada em sopa. Se alguém por favor souber de outro lugar em Nova York que fizer sopa gostosa e barata, me comunique urgentemente. Assim eu fico livre do Au bon pain, nunca mais volto lá.
Ou por outra, volto sim. Pra xingar aquelas atendentes malvadas e dizer que não preciso mais da sopa delas! E plaf! (Isso fui eu batendo a porta).
Quero ver a cara delas.

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